terça-feira, 8 de julho de 2008

Não andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí, e põe-te em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e


“Não andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí, e põe-te em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha”

Há pouco mais de 400 anos D. Quixote descreveu os moinhos de vento como gigantes, “de longos braços que alguns chegam a tê-los de quase duas léguas”. É um facto que os moinhos contemporâneos são parecidos com gigantes, mas precisamos de travar “desigual batalha” com estes monstros?
A série de desenhos representa paisagens habitadas por aerogeradores, enquanto locais onde transita vento constante mas não excessivamente forte. Estas paisagens mecânicas são baseados na energia, na força, na sua materialização pela máquina e todo o sistema de produção de uma energia renovável em expansão indefinida.
A superfície do desenho que por vezes tem apenas espaço suficiente para que ponto, linha e mancha, são realizados com recurso ao enquadramento fotográfico. O desenho não se alinha, nem se “solapa” com as “confusões” da transparência fotográfica; centra-se nas bases fundamentais da representação, fazendo frente a temas relacionados com o fazer, com a reinvenção. A construção de um espaço que não se profunda, mas modifica-se uma e outra vez para que a ilusão de profundidade vá e venha dentro da superfície reduzida e aplanada do “objecto”, que é a folha de papel. No final a fotografia fica para trás, abandonada. Deste modo aparece o desenho como algo diferente, algo que tem a sua vida proscrita, interior. Pode-se compreender que a imagem não é o ponto de chegada senão a ”condução” até a simulação da realidade.


"Não andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí,
e põe-te em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha”
(Algures e Distante series) 2007
Indian ink on paper
29,7 x 21 cm






























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